Hulk, ex-FC Porto que joga atualmente no Atlético Mineiro, concedeu uma entrevista no Brasil, ao Abre Aspas, do Globoesporte, onde recordou a passagem pela Europa e os casos de racismo pelos quais passou.
“No início, eu sofri um pouco, tem até um golo que viralizou, acho que contra o Benfica no Estádio da Luz. Eu puxo a bola da direita e faço o golo. Para te falar a verdade, eu nem percebi naquele momento a torcida a fazer esse gesto, mas, onde eu presenciei e sofri um pouco mais, foi na Rússia. As torcidas adversárias ficavam com cânticos racistas, eu sofria bastante. Era uma novidade para mim, eu não sabia como lidar naquele momento. Depois, os jogadores, quando a gente chegava no balneário, o próprio tradutor, junto com o diretor do clube, tentaram conversar comigo, para me aconselhar”, começou por confessar.
“Chegou em um ponto que eu falava: ‘Cara, eu tenho que entender como eu vou lidar com isso para que não me afete dentro de campo’. Na hora que eu fui bater o canto, a torcida começou com esse cântico, eu comecei a mandar beijo do nada, a dar risada, foi uma forma que eu me senti bem de fazer. Quando eles vinham com esses atos, eu mandava beijo, dava risada, meio que era um choque para eles. Começavam mais, eu dava risada e mandava beijo. Eles iam parando assim. Eu comecei a me sentir bem quando eu tive essa reação. Não foi fácil, sofri bastante. Infelizmente, a gente presencia isso até hoje. Não deveria acontecer”, acrescentou.
O internacional brasileiro comentou ainda o impacto da confusão contra o Benfica, em 2009/2010, na Luz.
“No final de 2009 teve o clássico na Luz, contra o Benfica. Perdemos 0-1. Teve muito tumulto nesse jogo. No término da partida, já estava no vestiário, eu ouvi ‘confusão, confusão’.Estava eu, o Fernando, tinha mais um. A gente saiu a correr para ver o que estava a acontecer e, quando chegou no túnel estava aquela confusão, empurra-empurra. Os nossos jogadores estavam a conversar com o staff de segurança do jogo e estava aquele empurra-empurra e provoca. Não sei quem tentou dar um soco em um dos seguranças e deu de volta, e começou a confusão. Cara, quando acaba a confusão, o Rui Costa, que era o diretor do Benfica na época, veio e chamou-me assim, pegou no meu braço: ‘Hulk, o que é isso que está a acontecer, para quê isso?’, ‘Para quê isso, Rui Costa? Vocês é que montaram tudo isso. Vocês ganharam o jogo, beleza, agora mandar os seguranças arranjarem confusão com a gente?’. Só que depois repercutiu para caramba tudo. Quando entramos no autocarro, suspenso eu e o Sapunaru. Estava todo mundo envolvido, suspenso eu e o Sapunaru. Ficamos sem entender”, apontou.
“Tentaram pegar imagem, porque, nesse mesmo ano, teve uma confusão Benfica e SC Braga, onde eles puniram dois jogadores do SC Braga, porque foi nítido e a imagem mostrava tudo. Tentaram pegar imagem do túnel, a gente queria que pegassem a imagem, só que a imagem que pegaram era dos seguranças do jogo, eles estavam a mexer nas imagens, a direcionar as câmeras para um ponto cego, antes da partida. Onde teve a confusão era um ponto cego, ou seja, foi um negócio muito estranho, mas aconteceu. Deram-me uma suspensão de três meses, era para pegar 23 jogos. Nesse período, era só treinar”, completou.